De volta ao pó

Ergue os braços ao mais alto que se pode

Um pouco mais e quase se pode tocar os céus

As lágrimas emergem das profundezas ocultas

E escorrem pelo rosto como rios levando a dor

Desfalece a alma profundamente em gemidos

Soluços e gritos inaudíveis ecoam pelo universo

Olhos fechados vêem além do que se pode ver

O coração perdido clama o seu arrependimento

O quebrantamento submerge o forte guerreiro

Vencido em sua própria existência tão fugaz

A vergonha de estar derrotado em si mesmo

O faz prostrar-se com todo o seu ser em terra

Arruinado rasga as suas nobres vestimentas

Tecidas em vaidade e sobreposta de orgulho

Banhadas e refinadas por tão pura arrogância

Desenhadas e moldadas segundo seu grande ego

Caiem-se as escamas dos olhos para observar

A verdade maltrapilha de quem realmente é

Como folha seca murcha sua própria gloria

Como fumaça logo sua existência se dissipa

Realidade miserável transpirando a pobre face

Coração palpitante estremecido em seu vazio

Balbuciam os lábios impuros, fracos e trêmulos

A angústia e a dor de um coração arrependido

Luiz Cabal