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domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Encontro






      
              
                Assim vagava a bailarina sobre a ponta de seus pés, pálida e vazia; olhar sombrio e maquiagem gótica, trancafiada no calabouço da solidão. Perdida em si mesma, desorientada e sem rumo, perambula pelas ruas como se fossem palcos, colhendo os aplausos do silêncio, a alegria dos bancos vazios...
               Os espelhos empoçados no chão frio são quebrados por seus passos. Os estilhaços misturam-se às folhas secas da árvore cinza, sob a qual se assenta o poeta maltrapilho que escreve, em seu tronco, suas insanidades. O som agudo do vento a empurra em sua direção; muda, ela apenas o observa.
               Não há canetas ou lápis, mãos vazias. Apenas com os dedos, assim, ele esculpe seus pensamentos, seus sentimentos, sua sabedoria. Com letras ensangüentadas, descreve, escreve, viaja. Perde-se. Desapaixonado, ele foge para além das letras; em seu mundo surreal, as verdades se misturam às ilusões, em sua lucidez, lágrimas que afogam a sua alegria em dores profundas.
               Pobre poeta. Pensa a bailarina que se assenta ao seu lado, e lê os esboços talhados no tronco. O sangue que escorre das mãos do poeta se misturam ao tom cinza da velha árvore, o zumbido do vento entristece o cenário, de repente, o silêncio.
               Ele pára, olha e esboça um pequeno sorriso, diferente dos seus olhos que parecem vazios. Ele pergunta: o que deseja a bela donzela? Ela diz: meus anseios me consomem, são angústias sem fim, já não danço como antes, entristecida em mim. Vago simplesmente; seguindo o vento confuso, cheguei até aqui.


... Continua ... 





Luiz Cabal

                                                                                                                                          

                                                                                                                                    

5 comentários:

  1. nem uma imagem nem outra...kkkkk...ficou perfeita essa...
    aaaahhhhh nossa fala serio...é tão...não sei o q dizer...rs rs... pq não é bonito lindo(não é a palavra) é cheio de imagens fortes...as palavras q usa me passam intensidade de beleza tão triste...
    MUITOOOOO MANEIROOO...
    Ta mt bem pontuado tb!!!!:-)rs

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  2. muito inteligente o pensamento desse
    encontro =]
    presa a atençao do leitor
    aguardo ansiosamente a continuaçao

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  3. O texto está incrível! Adorei os paradoxos como "colhendo os aplausos do silêncio, a alegria dos bancos vazio"; além disto está muito rico na descrição dos sentidos, muito bom mesmo...

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  4. Imagens a serem imaginadas nesse texto... Gostaria de saber o que mais a bailarina disse ao poeta e o que este lhe respondeu.

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